Começa hoje, 03 de junho, o XV ENAPA. O Encontro Nacional de Apoio à Adoção, em Mato Grosso do Sul. O objetivo das discussões de psicólogos, juízes e assistentes sociais é evitar que as crianças sejam vítimas de pais despreparados.
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No mês passado, os brasileiros se chocaram com a história da menina de dois anos, torturada por uma procuradora aposentada no Rio de Janeiro. Hoje (3) psicólogos, juízes e assistentes sociais de todo o país estão reunidos em Mato Grosso do Sul, para encontrar formas de evitar que a criança adotada se torne uma vítima de pais despreparados.
O Encontro Nacional de Apoio à Adoção busca soluções para diminuir o tempo de espera das crianças nos abrigos, mas sem correr o risco de que elas sofram com famílias que não estão preparadas para a adoção e sejam até "devolvidas" aos orfanatos.
A chegada de um filho adotivo nem sempre é só alegria.
"No primeiro dia em casa ela não queria ficar. Ela queria voltar para o orfanato, não deixava eu beijar, abraçar", conta Diná Guimarães de Campos, mãe de Joice.
“Teve xororô, eu estava assustada, num queria que ela fosse minha mãe e foi aos poucos que ela me conquistou", diz Joice.
Se a adaptação de uma filha foi difícil, imagine adotar seis filhos, todos já na adolescência?
"Tem que ter muita paciência", diz Denise Padron Chiappetta, culinarista.
Para quem cresceu em abrigos é difícil sair. Muitos se revoltam... São até agressivos com os novos pais.
Pela nova lei, crianças só podem ficar, no máximo, dois anos nos abrigos. Mas até sair a decisão final do juiz são muita idas e vindas.
Mas nem sempre os finais são felizes. Nos abrigos brasileiros são mais de três mil crianças e adolescentes à espera da adoção e outras milhares afastadas da família por estar em situação de risco. Nesse caso, a prioridade da justiça é manter o vínculo familiar.
Por ano, em média cinco crianças são devolvidas na Vara da Infância em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, e os pais adotivos dão desculpas como problemas comportamentais.Três irmãs foram devolvidas duas vezes. Uma delas diz que o que mais quer é ter pai e mãe.
“Quando elas voltam ficam mais traumatizadas com a rejeição, aí é mais difícil ainda fazer com que elas aceitem uma adoção”, explica Josefa Rosa de Andrade Arruda, diretora do abrigo.
Quem pensa em adotar tem de acabar com a fantasia do filho perfeito e aceitar a maravilhosa e angustiante aventura de amar e educar.
“Não tem que pensar em você, na vaidade, orgulho. Você tem que pensar no outro. Pra ele que você está fazendo e não vai pensar em devolver o que é seu. Não podemos brincar com a vida das crianças. A dor deles é muito maior”, fala Denise Padron Chiappetta, culinarista.
No Brasil, mais de três mil crianças e adolescentes vivem em abrigos, à espera da adoção.
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