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Adoção sem restrições é fenômeno raro no Brasil

8 de maio de 2011


Casais procuram crianças de até seis meses, da cor branca. Região Sul tem o maior índice de restrição à adoção do país. (Adriana Juste e Bibiana Dionísio Do G1 PR)

“Essas questões não importam para nós, somos bem abertos e estamos dispostos a criar, educar e amar a criança que for concedida a nossa família. Apenas optamos pela idade porque queremos construir junto com nosso filho ou nossa filha uma memória e história de vida desde pequeno”, diz Michele Czaikoski Silva, 36. Com poucas restrições ao perfil de criança a ser adotada, o casal paranaense é exceção no país. E, quando o assunto é restrição, a Região Sul está acima da média nacional. (...)


Atrás de São Paulo, que lidera o ranking de interessados em adotar, dois estados do Sul estão entre os que mais possuem casais em busca de um filho adotivo. Rio Grande do Sul, com 4.158, e o Paraná, com 3.700 pretendentes. De acordo com o Cadastro Nacional de Adoção do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em todo o Brasil, 26.694 pessoas estão aptas a adotar.

Os números mostram também que há mais casais do que crianças disponíveis. Das 4.427 crianças que, em sua maioria, têm como mãe a União, e como família, funcionários de abrigos, 1.198 estão em São Paulo, 751 aguardam um novo lar no Rio Grande do Sul, 550 estão em Minas Gerais, e 387 esperam no Paraná.

Exigências

Para a juíza da 2ª Vara da Criança e Juventude de Curitiba, Maria Lucia de Paula Espíndola, o entrave se dá porque as
Michele Czaikoski Silva, 36, e o marido,
CharlesElton Silva, 38, esperam adotar um
bebê de atéum ano de idade (Foto: Arquivo Pessoal)                

pessoas idealizam o futuro filho e estabelecem pré-requisitos excessivos, como faixa-etária, cor ou sexo. “A maioria dos interessados se habilita para adoção de crianças até seis meses de idade e de cor branca”, afirma.

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Conforme o Cadastro Nacional de Adoção, 37,94% dos pretendentes aceitam somente crianças brancas. Na Região Sul, essa porcentagem se eleva para 49,23% dos interessados, um total de 10.583 pessoas, superando a Região Sudeste, onde estão a maioria dos possíveis futuros pais adotivos. Há ainda casos em que a futura família requer que a criança seja recém-nascida.

Casais que exigem crianças brancas

Brasil 37,94%

Norte 12,58%

Nordeste 14,47%

Centro-Oeste 17,22%

Sudeste 34,76%

Sul 49,23%

Fonte: Cadastro Nacional de Adoção

do Conselho Nacional de Justiça

Michele está inscrita no cadastro nacional há um mês. Casada há três anos e meio, ela e o marido poderiam gerar filhos biológicos, mas resolveram optar pela adoção. “Sempre admirei famílias com filhos adotados, pois os laços que realmente unem uma família não são os sanguíneos, e sim, os afetivos”, disse.

O casal não tem preferência pessoal por tipo físico ou ressalvas com relação à saúde da criança, mas prefere que a idade máxima seja de até um ano. “Ao entrar na fila de adoção, oficializamos nossa ‘gestação’. Estamos vivendo uma espera repleta de amor por alguém que, ainda não vimos, mas que, de algum modo, já faz parte de nossas vidas.”

A juíza Maria Lucia incentiva a adoção. “Tenho para mim que a maternidade adotiva é mais significativa que a maternidade biológica, pois envolve uma grande determinação e conscientização prévias, não sendo fruto de um acaso ou descuido.”



 
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